A decisão da governadora Raquel Lyra (PSD) de assumir integralmente, com recursos estaduais, o investimento de R$ 150 milhões nas obras do novo Aeroporto de Caruaru representa um movimento estratégico dentro de um contexto de reposicionamento político e administrativo de Pernambuco.
Ao anunciar que o governo estadual irá bancar sozinho o projeto — que inclui a construção da nova pista, áreas de embarque e desembarque e um terminal moderno de passageiros — Raquel sinaliza não apenas capacidade de execução, mas também independência institucional diante do Governo Federal. O gesto ocorre após tratativas com a Casa Civil da Presidência, o que indica diálogo, mas também evidencia a opção de imprimir ritmo próprio às grandes obras de infraestrutura.
O reposicionamento do edital, ajustado conforme orientações do Tribunal de Contas do Estado (TCE), demonstra um esforço de transparência e conformidade técnica, aspectos valorizados em um momento em que o governo busca consolidar credibilidade administrativa.
Além disso, o projeto do aeroporto de Caruaru está inserido em um plano mais amplo de investimentos regionais, que contempla também intervenções em Serra Talhada, Salgueiro e Fernando de Noronha. Essa estratégia reforça o discurso de interiorização do desenvolvimento — pauta que tem sido central no discurso da governadora — e pode consolidar bases políticas importantes no Agreste e Sertão, regiões decisivas para o equilíbrio político do estado.
Raquel Lyra transforma um anúncio técnico em um gesto político de autonomia, eficiência e visão regionalista. A aposta em infraestrutura como vetor de desenvolvimento pode fortalecer sua imagem de gestora pragmática e ampliar seu capital político num cenário de possíveis reconfigurações no campo da centro-direita pernambucana.