O PSDB de Pernambuco enfrenta sua mais grave crise interna nos últimos tempos, resultante de uma massiva debandada que esvaziou completamente os quadros partidários no interior do estado. A situação se intensificou após a decisão da Executiva Nacional do partido de afastar o diretório estadual da base da governadora Raquel Lyra, que atualmente é filiada ao PSD. Essa intervenção gerou um verdadeiro desmonte, com a saída de todos os 32 prefeitos eleitos pela legenda nas eleições municipais de 2024, e provocou uma reação em cadeia de desfiliações entre prefeitos, vice-prefeitos e outras lideranças.
O movimento foi especialmente surpreendente para as lideranças locais, já que muitos desses prefeitos haviam sido eleitos com o apoio direto do PSDB e recursos substanciais do fundo eleitoral da sigla. A intervenção, vista como uma ruptura abrupta e sem diálogo, gerou um mal-estar generalizado. Em suas desfiliações, as lideranças locais apontaram a falta de comunicação e o rompimento institucional promovido pela Executiva Nacional como as principais razões para a decisão.
Um dos episódios mais emblemáticos dessa crise foi a saída da vice-governadora Priscila Krause, que, pouco depois de se filiar ao PSDB, anunciou sua saída para acompanhar Raquel Lyra no PSD. A aproximação entre as duas figuras femininas de destaque no governo estadual consolidou ainda mais o enfraquecimento do PSDB, já que tanto Krause quanto Lyra têm uma trajetória de longa data no partido, mas agora se alinham com uma legenda em crescimento no estado.
A decisão da governadora Raquel Lyra de deixar o PSDB no início de 2024 já sinalizava instabilidade dentro do partido, o que culminou em uma perda significativa de quadros e alianças. A migração de prefeitos, vereadores e outras lideranças, acompanhada de uma série de desfiliações, fez com que o PSDB praticamente desaparecesse do mapa político estadual, apesar de sua performance vitoriosa nas eleições municipais de 2024.
Em resposta, a Executiva Nacional do PSDB criticou duramente os dissidentes, classificando sua saída como um “ato de extrema deslealdade”, considerando que muitos desses filiados haviam sido beneficiados pela estrutura partidária e pelos recursos financeiros do partido. A nomeação de Álvaro Porto, atual presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), como interventor do diretório estadual, gerou ainda mais polêmica. Porto é aliado político do prefeito do Recife, João Campos (PSB), um adversário declarado de Raquel Lyra e seu grupo. Essa movimentação foi interpretada como um movimento estratégico da direção nacional para alinhar o PSDB com forças políticas contrárias ao governo estadual, o que agravou a crise interna.
A crise tucana em Pernambuco não se limitou ao enfraquecimento da sigla em nível local, mas também impactou sua bancada parlamentar. Deputados estaduais como Izaías Régis e Débora Almeida ainda estão formalmente no PSDB, mas já sinalizaram que deixarão o partido assim que a janela de filiações partidárias abrir. Ambos estão em negociações avançadas com o PSD, que tem se consolidado como o principal refúgio político do grupo de Raquel Lyra. A expectativa é que centenas de vereadores sigam o mesmo caminho, o que poderá provocar um rearranjo significativo nas câmaras municipais em todo o estado.
A derrocada do PSDB em Pernambuco abre um vácuo na oposição estadual e fortalece o PSD, que se prepara para se tornar o maior partido em número de prefeitos e vereadores em 2025. Enquanto isso, o PSDB se vê diante de um desafio imenso de reorganizar seus quadros e tentar reverter o colapso de sua representatividade no estado.