O Rio Grande do Sul amanheceu nesta quinta-feira (9) sob o peso devastador das consequências das fortes chuvas que têm assolado o estado. A Defesa Civil estadual atualizou o balanço das vítimas, chegando a um total de 107 pessoas mortas em decorrência dos temporais, marcando uma das piores tragédias naturais da história recente da região.
Além das vidas perdidas, a situação é alarmante com 136 pessoas ainda desaparecidas, enquanto 374 estão feridas, aumentando os temores de que o número de óbitos possa aumentar nos próximos dias.
As chuvas intensas deixaram um rastro de destruição, com mais de 400 mil pontos sem energia e meio milhão de pessoas sem acesso à água potável em diversas áreas do estado. A Defesa Civil reporta que 67.542 pessoas encontram-se desabrigadas, recebendo abrigo em locais disponibilizados pelo poder público, enquanto 163.786 estão desalojadas, tendo que buscar refúgio temporário em casas de parentes ou amigos.
O impacto nas instituições educacionais também é significativo, com a suspensão das aulas em todas as 2.338 escolas da rede estadual, afetando mais de 327 mil alunos. Essa medida foi necessária devido aos danos causados às escolas, sendo que 421 delas foram danificadas e outras 71 estão sendo utilizadas como abrigo para os desabrigados.
Esta catástrofe vem sendo comparada a eventos históricos como o furacão Katrina, que assolou a região metropolitana de Nova Orleans em 2005, resultando em mais de mil mortes. Profissionais de saúde destacam semelhanças entre as duas tragédias, ressaltando a falta de preparo e coordenação para lidar com desastres naturais, bem como o colapso nos sistemas de saúde e a escassez de recursos médicos e insumos.
Enquanto isso, em Porto Alegre, a situação continua crítica, com ruas e avenidas ainda alagadas devido ao transbordamento do lago Guaíba, que mesmo com uma queda de 10 centímetros no nível da água nas últimas 24 horas, permanece acima do limite. A prefeitura alerta para o risco de enchentes nos municípios às margens da Lagoa dos Patos, com a água fluindo em direção ao mar e a volta das chuvas e ventos fortes na região.
O governo gaúcho, por sua vez, emitiu um alerta sobre o risco contínuo de enchentes, enquanto os esforços de resgate das vítimas das enchentes históricas foram temporariamente paralisados devido ao retorno das condições climáticas adversas.
A população do Rio Grande do Sul enfrenta um cenário desafiador, com a previsão de mais chuvas e a queda das temperaturas, enquanto o estado tenta se recuperar dessa tragédia que já afetou mais de 1,4 milhão de pessoas em todo o estado.