Entre os dias 29 de fevereiro e 2 de março, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Mercado da Agricultura Familiar em Natal foram palco de um evento de grande relevância: o Seminário Internacional Culturas Alimentares no Combate à Fome. Promovido pelo departamento de Antropologia da UFRN, o seminário reuniu especialistas e representantes de diferentes culturas para compartilhar experiências e discutir estratégias no enfrentamento da fome.
Uma das participações mais destacadas foi a do município de Buíque, que trouxe à tona as iniciativas da Secretaria de Assistência Social e da Secretaria da Mulher em apoio à produção alimentar tradicional e cultural dos Quilombolas do Mundo Novo e do Sítio Angélica. A Secretária Santina Oliveira enfatizou a importância desse intercâmbio cultural: “Foi uma grande oportunidade de apresentarmos a nossa cultura, de promover a troca de experiências com outros povos e suas gastronomias, assim como fortalecer o trabalho de nossos quilombolas que marcam a história de nossa comunidade”.
O secretário Matheus Albuquerque também ressaltou os benefícios do seminário, destacando que “permitiu que pudéssemos aprender e também repassar os conhecimentos de nossa cultura e nosso povo, buscando meios e oportunidades para construir uma política de segurança alimentar”.
Além das experiências brasileiras, o evento também contou com apresentações de experiências de países como França, Itália, Portugal, Venezuela e México. As professoras Esther Katz e Julie Cavignac, da UFRN, destacaram as semelhanças entre os aspectos culturais das populações mexicanas e brasileiras com relação à entomofagia, o consumo de insetos. Elas realizaram uma pesquisa sobre a alimentação local, com ênfase na comensalidade da tanajura em Buíque, durante sua visita ao município entre 20 e 23 de fevereiro.
O último dia do evento foi marcado por uma feira que visava incentivar a comercialização dos produtos das comunidades tradicionais. Os quilombolas de Buíque apresentaram seu café orgânico e medicinal, além do fubá. Essa feira destacou a importância das culturas alimentares locais como estratégias essenciais de valorização social, cuidados com o meio ambiente e como dimensão crucial no combate à fome.