Pelo tanto que suas falas repercutem, pelo barulho de suas vitórias nas primárias e pelo grau zero de empolgação em torno de seu adversário, a impressão que se tem hoje em dia é que Donald Trump voltará à Casa Branca na eleição de 5 de novembro.
Na frieza dos números, a vitória não é tão certa assim: as últimas pesquisas mostram o empresário bilionário que virou político com 43% das intenções de voto, contra 42% de seu virtual rival, o presidente Joe Biden.
Trump se sobressai, com força e estardalhaço, ao demonstrar controle total do Partido Republicano na marcha eleitoral, tendo se livrado logo no início do processo de todos os demais pré-candidatos menos uma: a ex-governadora Nikki Haley, que aos trancos e barrancos, comendo poeira, promete permanecer no páreo ao menos até a “Super Terça”, 5 de março, em que republicanos em quinze estados definirão o nome de sua preferência para a disputa nas urnas.
Suas primeiríssimas medidas, repetidas em diversas ocasiões, seriam intensificar a exploração de petróleo, fechar as fronteiras e promover “a maior operação de deportação da história do país”. Também promete “criar uma força-tarefa federal para combater o preconceito anticristão, liderada por um Departamento de Justiça inteiramente reformado, justo e equilibrado”.
No caso do aborto, compromete-se a obter a revogação da aprovação das “drogas químicas abortivas” (leia-se pílula do dia seguinte) e a proteger as objeções “religiosas e morais” ao procedimento —embora o assunto apareça pouco em suas falas, visto a maioria da população ser a favor do direito das mulheres de interromper a gravidez indesejada.
Além da sombra autoritária que lançaria sobre a mais vigorosa democracia do planeta, as ondas de choque de uma volta de Trump teriam também impactos globais, pela tendência a atender só aos interesses americanos e dispensar aliados tradicionais.
Fonte: Veja