Neste domingo, a Argentina fez uma escolha ousada, elegendo Javier Milei, um candidato libertário, como seu novo presidente. Os eleitores optaram por um líder com visões radicais, buscando soluções para uma economia abalada pela inflação de três dígitos, iminente recessão e aumento da pobreza.
Embora os resultados oficiais ainda não tenham sido divulgados, o ministro argentino da Economia, Sergio Massa, reconheceu a vitória de Milei em um discurso. Massa enfrentou desafios durante sua candidatura devido à pior crise econômica em duas décadas enquanto estava no poder.
Javier Milei está propondo uma terapia de choque econômico, incluindo medidas como o fechamento do banco central, abandono da moeda local, e cortes de gastos – reformas que, embora agradem eleitores descontentes com a situação econômica, geram receios de austeridade em alguns setores.
“Milei é uma novidade, ele é um pouco desconhecido e assustador, mas é hora de virar uma nova página”, comentou Cristian, um trabalhador de restaurante de 31 anos, enquanto exercia seu direito de voto.
Entretanto, os desafios para Milei são imensos. Ele terá que lidar com cofres governamentais e do banco central praticamente vazios, uma dívida de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional, inflação próxima a 150% e controles de capitais.
Com muitos argentinos não completamente convencidos por nenhum dos candidatos, alguns enxergam a votação como a escolha do “mal menor”: o receio das medidas econômicas de Milei versus a indignação com Massa e seu partido peronista, responsáveis por uma crise econômica que deixou a Argentina profundamente endividada e incapaz de acessar os mercados de crédito globais.
A vitória de Milei abala o cenário político e a trajetória econômica da Argentina, podendo impactar setores como o comércio de grãos, lítio e hidrocarbonetos. Milei expressou críticas à China e ao Brasil, declarando que não lidará com “comunistas”, preferindo fortalecer os laços com os Estados Unidos.
“Esta eleição marca uma ruptura profunda no sistema de representação política na Argentina”, afirmou Julio Burdman, diretor da consultoria Observatório Electoral, antes da votação.