A humanidade mantém laços afetivos mais fortes com os cães do que com qualquer outro bicho. A ciência vem desvendando as razões dessa história de amor que já dura 12 000 anos.”
Em janeiro de 2007, o imenso interesse despertado pelo livro Marley & Eu — que tem como matéria prima a relação entre a família do jornalista americano John Grogan (autor da obra) e seu cão labrador — motivou um mergulho na longa história de amor construída entre os humanos e a cachorros.
“É uma relação muito básica. Não há complicações, discussões ou melindres”, afirmou Grogan em entrevista exclusiva publicada na edição. A especialista Patricia McConnell, autora de Cães São de Marte — Donos São de Vênus, atestou essa impressão: “A chave da amizade entre homens e cães é que se trata de uma ligação puramente emocional”, declarou.
Apesar da evidência mais antiga da amizade entre as espécies datar de 12 mil anos atrás — uma mulher enterrada junto a seu cão, encontrada em Israel — sabe-se que a domesticação se iniciou bem antes, há mais de 100 mil anos, quando os ancestrais do homem começaram a dar abrigo aos filhotes de lobos que rondavam seus acampamentos.
Presume-se que aqueles animais que se adaptaram melhor ao convívio humano ganharam o que os biólogos chamam de vantagem adaptativa: tinham mais chance de sobreviver e gerar descendência que os demais. Num processo que Charles Darwin chamava de “seleção artificial”, o homem foi criando cães cada vez mais apropriados a suas necessidades.
Uma pesquisa recente feita por cientistas húngaros e suecos, sugere que quanto mais distante as raças estão de seus ancestrais selvagens, mais seus cérebros têm aumentado. A hipótese mais provável indica que o fenômeno foi influenciado pela urbanização e pelo ambiente social mais complexo que os cães foram sendo inseridos.
As explicações para essa modificação, porém, continuam como especulação. Os cientistas não acreditam que o aumento possa ser explicado pelas tarefas que os cães passaram a desempenhar, tampouco por sua história de vida, mas sugerem que a complexificação do ambiente social, a urbanização e a adaptação a mais regras possam ter afetado as raças modernas.
Fonte: Revista Veja