BRASÍLIA – O Centrão se dividiu na Câmara. A formação de um novo bloco de partidos ,com 142 deputados contrariou o presidente da Casa,Arthur Lira (PP-AL), que, após o racha, articula contraofensiva para não perder poder. Agora, os aliados de Lira se preparam para apresentar um megabloco, desta vez com 164 deputados, unindo PP, União Brasil, PSDB, Cidadania, PSB, Avante e PDT.
queda de braço começou depois que o Republicanos, partido que integrava o Centrão ao lado do PP de Lira e do PL do ex-presidente, Jair Bolsonaro deixou o grupo e se aliou ao MDB, PSD, Podemos e PSC.
A nova correlação de forças, que mais parece uma sopa de letrinhas, tem impacto na base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, nas negociações dos partidos com o Palácio do Planalto e, de quebra, reflete a disputa antecipada pela cadeira do presidente da Câmara.
O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), é o favorito de Lira para a sucessão ao comando da Casa, em fevereiro de 2025. Articulador do novo bloco, o deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, busca se fortalecer para o embate e, ao deixar o núcleo do Centrão, conseguiu montar um grupo que inclui o MDB e o PSD. Juntos, esses dois partidos têm seis ministérios no governo. Ligado à Igreja Universal, o Republicanos não integra a base de Lula.
O movimento que rachou o Centrão não só agrada como interessa ao Planalto, principalmente por ter surgido numa quadra em que Lira vem criando problemas para o governo, por causa da disputa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O arranjo que desafia Lira foi planejado para ter a mesma formação durante os quatro anos da legislatura e pode conferir mais vagas a aliados do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Trata-se do colegiado que vota e determina para onde vão os recursos da União.
A composição deste ano já está definida, mas mudará nos próximos. A CMO é decisiva para o Planalto, pois lá são travadas importantes disputas envolvendo as contas públicas. Brigas recentes no colegiado já ameaçaram, por exemplo, a votação do Orçamento e a liberação de dinheiro para os ministérios.